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Gigante do tabaco investe pesado em novos produtos

  • Portal Gaz
  • 10 de jun. de 2018
  • 5 min de leitura

Uma das gigantes do setor de tabaco no mundo, a British American Tobacco (BAT), controladora da Souza Cruz, já investiu o equivalente a mais de R$ 9 bilhões nos últimos seis anos no desenvolvimento de alternativas aos cigarros. Ainda proibidos no Brasil, vaporizadores (também conhecidos como cigarros eletrônicos) e produtos de tabaco aquecido (THP, na sigla em inglês) vêm ocupando papel cada vez mais central na indústria fumageira. A consolidação dos “produtos de nova geração”, porém, ainda depende de um desafio: comprovar que se trata de opções mais seguras à saúde humana do que os fumígenos tradicionais.

Nessa semana, pesquisadores da BAT participaram, em Porto Alegre, do 2º Congresso Latino-Americano de Toxicologia Clínico-Laboratorial. No evento, realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), apresentaram uma série de pesquisas recentes apontando que os consumidores desses produtos – que não geram combustão ou fumaça – estão expostos a uma quantidade muito menor de substâncias químicas do que quem consome cigarros comuns.

Um desses estudos foi feito no Japão, durou sete dias e envolveu 180 pessoas, todas fumantes há pelo menos três anos. Nos dois primeiros dias, os participantes consumiram cigarros tradicionais, na frequência a que estavam habituados. Nos cinco dias seguintes, o grupo foi dividido: parte continuou fumando cigarros, outra passou a consumir o produto de tabaco aquecido e outra deixou de fumar. Durante todo o experimento, foram coletadas amostras de urina, sangue e respiração. Uma pesquisa semelhante, mas com 150 pessoas, foi realizada em Belfast, na Inglaterra.

As amostras foram analisadas a partir de uma relação de substâncias presentes na fumaça do cigarro, identificadas por entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a canadense Health Canada e a norte-americana US Food and Drug Administration. Em ambos os estudos, os resultados indicaram, segundo os pesquisadores, que a concentração dessas substâncias tóxicas nas amostras de pessoas que migraram ao tabaco aquecido se reduziu na comparação com quem ficou no cigarro tradicional. Em alguns casos, essa diminuição foi a mesma apresentada por quem deixou de fumar.

Conforme o pesquisador Michael McEwan, que atua em um centro da BAT em Southampton, na Inglaterra, a mesma tendência foi verificada em análises relativas a indicadores de risco de doenças cardiovasculares e respiratórias, câncer e outros, além de exames de citotoxidade – ou seja, a capacidade de uma substância provocar danos ou mortes de células. Outros estudos apontam que o impacto desses novos dispositivos sobre a qualidade do ar em lugares fechados também é bem menor.

Outras empresas líderes mundiais do setor de tabaco também investem pesado em novos produtos, o que confirma a tendência. O IQOS, produto de tabaco aquecido que é o carro-chefe da nova linha da Philip Morris, encerrou 2017 com presença em 30 países. Já a Japan Tobacco International (JTI) tem no seu novo portfólio o Ploom Tech (tabaco aquecido) e o Logic Pro (vaporizador).

A OLHO NU

A convite da Souza Cruz, a Gazeta do Sul conheceu essa semana um centro de pesquisas mantido pela empresa em Cachoeirinha, junto ao complexo onde ficava a antiga fábrica de cigarros, fechada em 2016. Instalado há 11 anos na Região Metropolitana, o laboratório, onde trabalham cerca de 80 profissionais, é voltado a projetos de desenvolvimento de cigarros, mas aos poucos está sendo preparado para os produtos de nova geração – que, atualmente, sequer podem ser importados.

Um aparelho desenvolvido no próprio local permite ver, a olho nu, a diferença entre um cigarro comum e um dispositivo de tabaco aquecido. A máquina coleta a fumaça produzida pelo cigarro e o vapor gerado pelo THP ao mesmo tempo, mas enquanto a amostra da fumaça apresenta forte coloração escura, a amostra do vapor é bem mais clara – o que, segundo os pesquisadores, indica que o produto tradicional possui uma concentração de substâncias químicas muito maior.

  • O que são vaporizadores?

Também conhecidos como cigarros eletrônicos, são dispositivos que simulam um cigarro tradicional. Não levam tabaco em sua composição, apenas uma solução líquida de nicotina. Não há combustão ou fumaça.

  • O que são produtos de tabaco aquecido?

Outro tipo de dispositivo eletrônico em que os tubos de tabaco (semelhantes a cigarros comuns) são apenas aquecidos a uma temperatura controlada, mas nunca queimados. Assim, também não há fumaça, somente um vapor de nicotina, e tampouco cinzas.

  • Por que eles podem ser mais seguros?

Estudos científicos sinalizam que é justamente na combustão que a maioria dos componentes tóxicos do cigarro é liberada. Ao eliminar esse processo, o prejuízo à saúde se tornaria mais de 90% menor.

AS NOVIDADES DA BAT

VYPE

Atualmente vendido em nove países, o Vype é um vaporizador – dispositivo eletrônico cujo modelo mais comum tem formato semelhante a uma caneta. O aparelho aquece uma solução líquida para gerar o vapor que é inalado. Nas versões fechadas, utiliza-se um cartucho fechado contendo o líquido. Quando o líquido termina, ele é substituído por outro. Já nas versões abertas, o cartucho pode ser reabastecido e o consumidor tem a opção, inclusive, de misturar sabores a seu gosto.

A maioria dos líquidos contém água, nicotina, glicerina e propilenoglicol. Há algumas versões, porém, sem nicotina. Na Inglaterra, o Vype custa em torno de 25 libras (R$ 125,00). Nos últimos dois anos, a BAT vendeu mais de 2 milhões de unidades na Europa.

GLO

O Glo é um produto de tabaco aquecido. Vendido por cerca de 70 dólares (R$ 260,00), o aparelho eletrônico funciona a partir de um tubo com cerca de 400 gramas de tabaco, semelhante a um cigarro comum, chamado Neo. O tubo é inserido no aparelho e aquecido, durante 40 segundos, a uma temperatura controlada, o que gera um vapor. Dura de sete a oito tragadas. Uma embalagem de Neo tem 20 unidades e é vendida pelo preço de uma marca de cigarros de primeira linha da BAT, como Dunhill.

Atualmente, o Glo é vendido em sete países, mas deve chegar a 20 até o fim do ano. A expectativa da BAT é de que as vendas cheguem a 49 bilhões de unidades em 2018 e a 90 bilhões em 2020, com 19 milhões de consumidores.

Até o fim de 2018, a BAT pretende gerar perto de R$ 5 bilhões em receitas com produtos de nova geração. Para 2020, a meta é ampliar para quase R$ 24 bilhões. Apesar disso, a empresa descarta reduzir ou interromper a produção de cigarros tradicionais – um caminho diferente do que vem trilhando uma das principais concorrentes da BAT, a Philip Morris, que este ano anunciou que suspenderá a venda de cigarros no Reino Unido. Segundo a gerente de relações científicas da Souza Cruz, Analucia Saraiva, a empresa está apenas ampliando o seu portfólio. “Se possuímos indicações muito boas de que esses produtos são opções mais seguras, temos de oferecê-los aos consumidores. Essa transformação está acontecendo, mas quem vai ditar a velocidade é o consumidor. A Organização Mundial da Saúde estima que em 2050 ainda haverá 1 bilhão de fumantes no mundo”, observou.

Por enquanto, não há previsão de quando os novos dispositivos serão liberados no Brasil. A proibição está em vigor desde 2009, por conta de uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Um primeiro passo foi dado em abril, quando a própria Anvisa promoveu um painel sobre o assunto, que reuniu pesquisadores, empresas e entidades. Um segundo painel está previsto para o segundo semestre. Ainda conforme Analucia, por conta da abundante oferta de matéria-prima e da tradição em produção de tabaco, o Brasil tem potencial para ser protagonista também no mercado de novos produtos. “O Brasil sai na frente por conta do seu expertise. Tem a matéria-prima ‘na esquina’”, ressaltou.


 
 
 

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